A busca pela espiritualidade e a consciência de construirmos um novo mundo galgado no equilíbrio entre o homem e a natureza está avançando de forma irrefutável. Isso faz com que muitos se voltem a formas de espiritualidade alternativas, e, em grande maioria, pagãs pelo fato das divindades pagãs estarem muito mais ligadas de forma direta à Natureza do que os deuses de cultos monoteístas. No entanto esta nova era espiritualista fez surgir inúmeras interpretações dos cultos pagãos politeístas ancestrais dando luz a comunidades, tradições e sendas que são, em grande maioria, focadas ou na aversão e negação do patriarcado ou na adaptação do culto politeísta ancestral a uma realidade moderna e cheia de dogmas judaico-cristãos, distanciando-se consideravelmente de sua raiz pré-cristã.
O Naos Ekatis acredita que toda forma de religião no seu sentido mais puro, que é o de religar-se ao divino, é válida. No entanto adota como base para o seu culto a observação dos costumes ancestrais embasados em evidências históricas (sempre que possível) com a premissa de resgatarmos tais práticas para uma revivência moderna, e não uma recriação das mesmas. É claro que pela falta destas evidências em totalidade nós precisamos fazer inúmeras adaptações, no entanto, mantendo sempre o foco naquilo que se pode observar sem distorção.
É impossível e até ridículo pensarmos em um resgate absoluto de um culto antigo de uma sociedade que era inteiramente diferente da nossa e que possuía uma estrutura sócio-político-cultural de mais de dois mil anos nos tempos de agora, no entanto, é sim possível criar uma estrutura baseada em relatos deixados por aqueles que viveram nesta época tão distante da nossa e procurarmos com isso compreender o pensamento e o coração desse povo.
Com tais fundamentos podemos criar uma estrutura moderna e consistente o suficiente para aplicarmos hoje os pensamentos antigos, dando assim continuidade à fé de nossos ancestrais.
A parte mais difícil de nossa missão é a de resgatarmos aquilo que não era exposto de maneira clara para a sociedade e que, muitas vezes, era retratado como marginal e até mesmo proibido: a prática da bruxaria.
Na sociedade helênica era muito comum os ritos de mistérios, tendo como mais difundidos e historicamente preservados os mistérios de Elêusis, no entanto, havia outros ritos de mistérios menos divulgados e até mesmo mais antigos como os da Samotrácia, por exemplo, que tinham como parte integral de sua estrutura o culto aos Daktyloi, que eram tidos, segundo Diodorus Siculus, como praticantes das artes mágicas. Portanto buscamos estudar e compreender o que havia por trás desses antigos cultos de mistérios, não para encará-los como bruxaria propriamente, mas como forma de exercitar nosso entendimento sobre os mistérios de nossos ancestrais e de estruturar nossa prática religiosa, uma vez que somos um grupo de caráter mágico-iniciático. Além do mais, grandes pensadores como Aristóteles, Empedocles, Plutarco, Pitágoras, e tantos outros nos fornecem dados sobre o pensamento mágico-religioso dos gregos antigos.
E é por essas trilhas, às vezes muito tortuosas, que seguimos para fundamentar e estruturar a práxis (πράξις) do Naos Ekatis.
Tendo em vista tudo o que já foi dito nós podemos afirmar que o Naos Ekatis acredita:
- Nos Deuses antigos da Grécia pré-cristã;
- Na Deusa Hécate como a Senhora da magia, matriarca e portadora dos mistérios da nossa senda;
- Na Essência Divina feminina como geradora do Universo;
- Na Essência Divina masculina como força motriz e doadora da forma do Universo;
- Na ética e moral dos gregos antigos como nossa civilidade;
- Na devoção à família como base para o comportamento e modelo na sociedade;
- No pensamento filosófico para a construção do caráter;
- Na vivência dos mistérios para o desenvolvimento do poder pessoal;
- Na Magica Hiera (Magia Sagrada);
- Nos mitos como exemplos de postura para a vida e chaves de mistérios;
- Nos oráculos.